Muitos arquitetos se apoderaram desse extenso plano horizontal para demarcar o final do térreo ou da sobreloja, ou mesmo rebaixando-a um pouco, permitir iluminação natural à sobreloja. Um exemplo dessa situação é o Edifício Seguradoras, projeto dos Irmãos Roberto de 1943 e situado no centro do Rio de Janeiro; nele essa grande lâmina suspensa entre caixilhos colabora para a leveza do conjunto e anuncia os andares-tipo. Aqui mais uma vez aparece uma das características marcantes da arquitetura moderna brasileira que é a procura pela leveza, demonstrada pela marquise em concreto aflorando de um extenso pano de vidro; tais contrastes serão recorrentes em projetos de vários arquitetos, usuais tanto em relação às marquises de proteção quanto às de acesso.
Fig. 1 - M.M.M. Roberto, Edifício Seguradoras. Rio de Janeiro,1943. Fonte: (BRUAND, 1981, p.176).
De alguma maneira as marquises de proteção têm função parecida com os antigos beirais que, além de protegerem o pedestre, preservavam a construção de uma excessiva insolação, das chuvas e da umidade.
Por muitas vezes possuem pé direito mais baixo que o do piso térreo e, devido a isso, geram um espaço de transição entre passeio e o interior do edifício, quase um convite para adentrá-lo.
Outro aspecto relevante é do abrandamento da luz solar, possibilitando-se uma gradação de iluminação entre o externo e o interno que permite melhor vislumbre dos interiores; esse artifício é freqüentemente utilizado pelas construções de uso comercial, a fim de propiciar melhor exposição dos produtos à venda, aos olhos daqueles que passam pela rua.
O abrandamento solar também auxilia na transição de acesso entre áreas abertas e fechadas,
particularmente em zonas de excessiva claridade solar, como em nosso país, preparando a retina humana para as alterações de iluminância.